Conforme IBGE, maioria dos prudentinos ainda é católica, mas população evangélica cresceu 64%
Em dez anos, o número de igrejas e templos religiosos quase dobrou em Presidente Prudente, tendo crescimento de 81,6%. De acordo com dados da Coordenadoria Fiscal e Tributária da cidade, em 2002 havia 49 destes estabelecimentos. Neste ano, até agora, são 89.
Esse número reflete apenas os templos que são regularizados, pois há ainda os que funcionam em prédios alugados, em nome de outros proprietários, e a perspectiva de muitos atuando sem documentação, principalmente nas periferias.
Esse número reflete apenas os templos que são regularizados, pois há ainda os que funcionam em prédios alugados, em nome de outros proprietários, e a perspectiva de muitos atuando sem documentação, principalmente nas periferias.
Dentre os templos de qualquer confissão ou culto, como denomina o teólogo Marivaldo Gouveia, registrados no departamento municipal, 52 são evangélicos, 11 católicos, 10 maçônicos, cinco budistas, três umbandistas, três messiânicos, dois exotéricos, dois centros espíritas e um ligados à Seicho-No-Iê. Sendo assim, 58,4% das igrejas da cidade são evangélicas.
Os dados indicam que, levando-se em conta que Prudente tem 411 bairros, existe uma igreja para cada quatro deles. “Nota-se que o crescimento se dá na periferia, porque no centro os templos já estão estabelecidos e têm seu imóvel próprio. Na maioria das vezes, surgem muitas lideranças dentro de uma igreja e um pastor acaba iniciando um templo por conta própria ou filiado à outra igreja. E, logicamente, existe a visão do empreendedorismo, a questão financeira”, analisa o teólogo e professor universitário Marivaldo Gouveia.
Esta característica, de acordo com ele, mostra que o movimento evangélico é mais ágil que o católico, já que começa do zero e não se preocupa com estrutura finalizada. Entretanto, essa dinamicidade pode trazer consequências.
“Isso pode banalizar a religião, porque as pessoas acabam buscando a religiosidade como produto mercadológico, já que em muitos setores formou-se a indústria da religião e ela acaba ficando sem raízes profundas, fica superficial”, explica Gouveia.
Sociedade
Comparando os dados entre o Censo 2000 e 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), em Prudente é possível observar que além do crescimento dos templos, a quantidade de fiéis evangélicos também aumentou, enquanto os católicos diminuíram.
Os católicos, há 12 anos, eram 141.150 e no último levantamento somavam 133.519, o que representa queda de 5,4%. Em 2000, 33.726 pessoas disseram ser evangélicas, sendo que o número aumentou 64,29% em 2010, passando para 55.409.
Para o historiador e professor de sociologia José Artur Gonçalves, tal resultado não significa que os católicos abandonaram a igreja para se tornarem evangélicos. “O salto é muito maior no aumento dos evangélicos do que na queda dos católicos, o que indica que outra parte da população, como as pessoas sem religião ou de outros cultos, tenha migrado”, afirma.
O que pode ter ocorrido também, segundo o historiador, é que católicos não-praticantes mudaram de religião. “O católico praticante e engajado continua. O que mudou na sociedade é que antigamente era mal visto declarar-se sem religião e as pessoas acabavam afirmando que eram católicas só porque haviam sido batizadas, feito a eucaristia e crismado, mesmo sem continuar frequentando missas. Agora, além das pessoas que mudaram de religião, temos as pessoas que acreditam em Deus, mas não seguem uma filosofia”, analisa.
Tanto Gonçalves quanto Gouveia apontam que as pessoas mudam de religião por motivos práticos. “O indivíduo busca a opção que prontamente tenha a resposta para o problema dele. Ele começa a encarar a religião meramente como uma vara de condão para resolver uma necessidade específica, o que é ruim, pois a religião é uma resposta válida quando praticada de forma séria e não de modo superficial”, comenta o teólogo.
O historiador complementa: “A mudança é também um fenômeno de mercado. As pessoas deixaram de buscar na religião respostas para grandes questões, como a salvação e o sentido da vida. Elas passaram a querer a satisfação imediata para problemas atuais, como cura e prosperidade econômica. Elas migram até encontrar um lugar que traga a resposta e permanece na igreja até que tenha uma outra pergunta que ninguém lá consegue responder para ele”, diz.
Economia
Ainda segundo os dados do IBGE, 80% dos evangélicos de Prudente recebem até um salário mínimo, enquanto os católicos que têm esta renda representam 69%. Os números mostram que a base dos fiéis cristãos da cidade é de pobres.
“Isso aponta que o discurso da prosperidade econômica, a filosofia de ‘próspero na Terra, abençoado no céu’ é tão atrativo e comum nas igrejas neopentecostais, que são as que mais cresceram em Prudente”, completa Gonçalves. Na cidade, conforme o Censo, 32.021 pessoas frequentam este tipo de igreja.
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