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quinta-feira, 12 de abril de 2018

Indígenas kaingangs deixam aldeia no Paraná e ocupam praça no interior de São Paulo para vender artesanatos

Integrantes da Reserva Apucaraninha, localizada em Londrina (PR), montaram acampamento em espaço público em Presidente Prudente (SP) em luta pela sobrevivência.


Quem passa por uma praça localizada entre as ruas Capitão Alberto Mendes Júnior e Viriato Valete de Almeida, no Jardim Bongiovani, um bairro residencial em Presidente Prudente, no interior do Estado de São Paulo, tem se deparado com famílias alojadas no espaço público. A presença destas pessoas gerou certa curiosidade, principalmente entre moradores próximos, que são abordados com pedidos de doação de alimentos e água.
G1 esteve no local nesta quarta-feira (11) e constatou que 13 pessoas, entre adultos e crianças, estão na praça há cerca de duas semanas, e que se tratam de indígenas da Reserva Apucaraninha, que fica em Londrina, no norte do Estado do Paraná, a cerca de 250 km de Presidente Prudente (SP). Tendo como língua oficial o idioma da etnia kaingang, os indígenas que estão no município paulista também falam o português, e relataram que estão na cidade para vender artesanatos feitos de taquara.
“Viemos para vender o nosso artesanato e depois vamos voltar para a nossa aldeia. Escolhemos Presidente Prudente porque a gente nunca tinha vindo aqui. Vamos a lugares que não conhecemos. Já andamos bastante na cidade, vendemos pouco, mas precisamos vender mais para voltarmos para a nossa aldeia antes no Dia do Índio [19 de abril]. Tem bastante ainda para vender”, disse Janete de Almeida ao G1.
Ainda de acordo com Janete, os artesanatos, principalmente cestos, são vendidos entre R$ 10 e R$ 50. “Estamos pedindo ajuda para aqueles que tiverem interesse virem comprar. Queremos voltar para a nossa aldeia. Assim que acabarmos de vender, vamos voltar. É costume nosso vender artesanatos. Quando a mãe tem uma filha, a criança já aprende a fazer cestos para sobreviver”, destacou Janete ao G1.
Indígenas comercializam artesanatos feitos de taquara (Foto: Valmir Custódio/G1)Indígenas comercializam artesanatos feitos de taquara (Foto: Valmir Custódio/G1)
Indígenas comercializam artesanatos feitos de taquara (Foto: Valmir Custódio/G1)

G1 conversou com moradores próximos e com algumas pessoas que passaram pela praça na manhã desta quarta-feira (11), e constatou que os índios não têm levado transtornos à população, que ainda colabora com a doação de água e alimentos.
“Alguns vizinhos ajudam a gente, dando alimentos, água, e fazemos a comida aqui também. Os vizinhos não reclamam. Precisamos de doações de alimentos”, completou Janete ao G1.

Direito

A kaingang Janete de Almeida relatou ao G1 que chegaram a receber uma visita de funcionários da Secretaria Municipal de Assistência Social e que representantes da pasta ofereceram uma casa para abrigar as famílias, mas a proposta foi recusada.
“A assistência social veio, mas não tinham uma casa grande para guardar as coisas da gente, então, preferimos ficar aqui. A gente gosta de ficar ao ar livre. Na aldeia, é assim”, destacou Janete, que ainda pontuou que o índio deve ser mais respeitado.
“Nós, índios, deveríamos ser tratados com mais respeito, não com discriminação, porque quem descobriu o Brasil fomos nós. Existe muito descaso. A gente perdeu muitas terras. Na nossa aldeia, mesmo, tem muitas crianças nascendo e pouca terra para nós. Quase não temos mais terras”, concluiu.

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