Corpo de guarda municipal foi encontrado carbonizado em setembro de 2013; Tania Levy responde ao processo em liberdade. Defesa recorreu.
O juiz da 1ª Vara de Justiça de São Pedro (SP), Luis Carlos Maeyama Martins, determinou que a cantora gospel Tânia Levy, acusada de matar o marido, vai a júri popular. Ela foi denunciada pelo Ministério Público (MP) por homicídio qualificado porque, segundo o MP, teve a ajuda de uma pessoa não identificada para cometer o crime planejado, o que dificultou a defesa da vítima. A defesa da cantora informou que já recorreu da decisão.
A decisão de julgamento em júri popular foi publicada no Diário da Justiça Eletrônico de São Paulo na quarta-feira (22).
O corpo do guarda municipal Eliel Silveira Levy foi encontrado em um porta-malas de um carro incendiado na zona rural de São Pedro, em 16 de setembro de 2013. O desaparecimento dele havia sido comunicado pelo irmão no mesmo dia.
A perícia apreendeu no veículo um carregador de pistola, um distintivo e partes de instrumentos musicais. A suspeita da polícia de que Tânia estaria envolvida na morte do marido surgiu logo depois que o corpo do guarda foi encontrado. Ela teria matado ele depois de descobrir uma relação extraconjugal.
Após quase dois anos de investigação, a cantora foi presa em julho de 2015. Ela conseguiu habeas corpus e deixou a penitenciária dois meses depois, quando passou a responder pelo crime em liberdade.
Segundo o advogado José Oscar Silveira Junior, que representa a cantora, a defesa já entrou com recurso sobre a decisão de julgamento em júri. "Nós já apresentamos recurso perante ao Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP). Vamos aguardar o julgamento. Pode ser que acolha meu recurso e a absolva sumariamente, ou já marque dia para o júri", afirmou o advogado.
A defesa afirmou também que a acusada é inocente e desqualificou as provas da denúncia. "Ela é inocente, a única prova na qual a acusaçãoo se baseia é o fato de que em uma imagem de de um posto de gasolina no dia dos fatos, teria sido captado um veículo que seria da propriedade dela, o que daria indícios, do ponto de vista da acusação, de que ela teria auxiliado uma terceira pessoa não identificada a praticar o crime. Nós entendemos que todas as demais evidências levam a outras pessoas, mas a acusação focou fortemente nela", disse.
Sentença
Segundo a denúncia do Ministério Público, na madrugada do dia 16 de setembro de 2013, Tânia seguiu para o imóvel onde Levy morava, na Rua Esplanada de Cristo, no bairro Novo Horizonte em São Pedro, acompanhada de uma pessoa não identificada. Eles teriam matado o guarda no local.
Em seguida, os dois teriam seguido para a Estrada Vicinal Alto da Serra, na zona rural de São Pedro, onde colocaram fogo no corpo da vítima. Ela ainda teria tentado limpar a casa para esconder provas do crime.
De acordo com a denúncia, no dia do desaparecimento do guarda, o irmão de Levy seguiu acompanhado da polícia para a casa do guarda, onde viu marcas de sangue no chão como se uma pessoa tivesse sido arrastada. Ele relatou ainda que o casal tinha brigas constantes e que ele já havia sido ameaçado de morte pela cantora.
A perícia foi acionada e localizou manchas de sangue na porta de entrada da cozinha e respingos de sangue em algumas garrafas. Com o uso de luminol, também foram encontrados indícios de sangue pelo imóvel, que o autor do crime tentou limpar.
Em depoimento, Tânia negou ter matado o marido e afirmou que estava na casa do pai no dia do crime, em Sarapuí (SP). Ela relatou que os dois foram casados por 15 anos, e após passarem um mês separados, voltaram a morar juntos na época do crime.
Ainda segundo a denúncia, Tânia afirma que o marido já havia se envolvido com falsificação de documentos e estelionatos, junto com o irmão, e que já havia sido preso por duas vezes. Na época do homicídio, o guarda teria contado a ela que estava sendo ameaçado por um homem que tinha comprado um carro da vítima, por dificuldades de transferir o veículo.
Pelas contradições no depoimento da cantora à polícia e também a partir do resultado dos laudos do Instituto Médico Legal, ela foi denunciada pelo homicídio do guarda municipal.
Entrevista
Após deixar a penitenciária em 2015, Tânia Levy falou com o G1acompanhada da advogada. À época, ela se declarou inocente do crime e disse que viu “a mão de Deus” durante o tempo em que ficou presa, se aproximando mais da vida religiosa.
Ela admitiu que sabia da traição do marido, mas afirmou que o havia perdoado. Segundo Tânia, ela teria descoberto o envolvimento do guarda com criminosos meses antes da morte dele, o que explicaria o crime.
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